sábado, 15 de maio de 2010

.Atriz!.



"Eu amo os atores nas suas alucinantes variações de humor, nas suas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero de sua insegurança quando ele, sem a bússola da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar por labirintos de sua mente, procurando no seu mais secreto íntimo afinidades com as distorções de caráter que seu personagem tem. Eu amo muito mais o ator quando, depois de tantos martírios surge no palco com segurança, emprestando seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para expor sem nenhuma reserva, toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado. Eu amo o ator que se empresta inteiro para expor para a platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que seu público entenda, se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor. Amo os atores e por eles amo o teatro, e sei que é por eles que o teatro é eterno e que jamais será superado por qualquer arte que tenha que se valer da técnica mecânica".
(Plínio Marcos)

Abandonei o blog! (para variar!!!rs) Mas cá estou eu de volta!
Tem um tempo já que queria escrever sobre a minha profissão... sobre a faculdade... sobre ser atriz... e tem um tempo também que venho enrolando para escrever sobre isso!
Eu faço teatro há uns 11 anos... nunca (NUNCA mesmo!) me imaginei sendo outra coisa que não atriz! Há 11 anos também tenho uma relação de "amor e ódio" com o teatro... uma relação digna de crises existenciais, dores de cabeça, noites de insônia e uma felicidade inenarrável que ás vezes beira o "sadomasoquismo"!rs
O teatro me trouxe um bando de coisas boas! Me trouxe grandes amigos, auto-conhecimento, responsabilidade, crescimento, força, risadas, paixão, felicidade, vida! Mas me tirou algumas coisas também... por causa do teatro perdi boa parte da adolescência, dos almoços em familia no domingo, das noitadas de sabado a noite, da diversão com os amigos; perdi quilos e quilos em treinamento, perdi matéria no colégio porque tinha ensaio; e tive que aprender a lhe dar desde muito cedo com responsabilidades e uma dedicação de gente grande.
"Ossos do Ofício!"
Sempre quando falo que faço teatro ouço comentário do tipo "ah deve ser muito legal fazer faculdade de teatro né... deve ser divertido!".. como se fosse moleza fazer artes cênicas! A escolha por uma faculdade de teatro é penosa... as aulas são penosas... a convivência é penosa... e a profissão? Põe penosa nisso!
Eu já perdi a conta de quantas vezes já chorei em aula... de quantas vezes já quis gritar e sair da sala... de quantas vezes ja saí péssima dos exercícios de exaustão (que fazem jus ao nome!rs)... perdi a conta de quantas vezes ja me decepcionei com essa profissão que é ao mesmo tempo tão maravilhosa e cruel com quem a escolhe!
É difícil ser atriz/ator! Tem que ter persistência, coragem, resistência.. e uma paciência de Jó!rs
Mas também já perdi a conta das gargalhadas que dei nas aulas de improvisação... de quantas vezes emprestei meu corpo e minha alma para uma personagem e me redescobri, me reinventei...perdi a conta de quantas vezes já tive os olhos marejados de emoção ao olhar a platéia sorrindo...
É muito fácil ser atriz! Ter o poder de ser mil pessoas diferentes.. e continuar a ser você!!!
E é assim, nesse paradoxo inacabável, que eu vivo há 11 anos.. e que vou viver pelo resto da vida e além!

Bom, dentre as aulas da faculdade a mais incrível e mais dificil é fruto do trabalho da dignissima Lidiane Lobo! É a aula de interpretação mais bem dada que já tive! Ela me ensina a ter postura e caráter, a ter coragem e persistência, candura e força... tudo ao mesmo tempo!rs Na aula da Lidi eu já me machuquei (muito!rs são joelhos roxos, cotovelo ralado, bolhas e bolhas no pé, lesões musculares, unhas quebradas, etc), eu já chorei de dor, ja chorei de tristeza, de medo, de fraqueza, de emoção (sou uma manteiga mesmo!rs); na aula dela eu aprendi, ensinei, cresci, descobri coisas em mim que nem imaginava que existisse... redescobri sentimentos que eu pensei que nem existisse mais em mim. E esse processo tem sido difícil e ao mesmo tempo maravilhoso!

Ta confuso! Eu sei!
Mas termino por aqui.. assim... meio mal terminado mesmo... porque essa coisa... essa angustia.. essa busca.. essa procura por essência... nunca acaba mesmo!
Começo o post por um texto do Plínio... e termino com outro:
"Ser ator é mais uma condenação do que uma dádiva." (Plinio Marcos)